Lutas em alta: trabalhadores protagonizaram quase 1.600 greves no ano passado

No ano passado, o Dieese registrou pelo menos três grandes protestos nacionais contra as reformas Trabalhista e da Previdência

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O forte ciclo de greves, iniciado em 2013, ainda está em marcha no Brasil. É o que revela o tradicional “Balanço de Greves 2017”, do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos). Segundo o levantamento divulgado essa semana, os trabalhadores brasileiros protagonizaram 1.566 greves em 2017.

O instituto destaca que o resultado é menor em relação à média de 2.000 greves realizadas entre 2013 e 2016, mas mantém uma quantidade de mobilizações bastante superior ao registrado antes de 2013, quando o patamar girava em torno de 500 greves anuais.

O Dieese lembra ainda que 2017, ano do centenário da histórica greve ocorrida em 1917, que envolveu várias categorias em São Paulo, registrou pelo menos três grandes protestos nacionais contra as reformas Trabalhista e da Previdência: a greve de 15 de março, a Greve Geral de 28 de abril e o dia de protestos em 30 de junho. “As principais características observadas nas mobilizações de 2017 – categorias de trabalhadores envolvidos e caráter das pautas de reivindicações – continuam a reafirmar a permanência do grande ciclo grevista que emergiu mais claramente a partir de 2012”, avalia.

Para cada greve, o conjunto das reivindicações dos trabalhadores foi examinado e classificado de acordo com o caráter que apresentam. Greves que propõem novas conquistas ou ampliação das já asseguradas são consideradas de caráter propositivo. As greves denominadas defensivas são as que se caracterizam pela defesa de condições de trabalho vigentes, pelo respeito a condições mínimas de trabalho, saúde e segurança ou contra o descumprimento de direitos estabelecidos em acordo, convenção coletiva ou legislação. Paralisações que visam ao atendimento de reivindicações que ultrapassam o âmbito das relações de trabalho são classificadas como greves de protesto.

Segundo o levantamento, trabalhadores de categorias profissionais mais vulneráveis, tanto da perspectiva remuneratória, quanto de condições de trabalho, vão se destacando como grandes protagonistas do ciclo grevista: os terceirizados que atuam em empresas contratadas pelo setor privado – como vigilantes, recepcionistas e encarregados de limpeza – e os terceirizados de empresas contratadas pelo poder público, como trabalhadores em coleta de lixo e limpeza pública, rodoviários do transporte coletivo urbano, enfermeiros e outros profissionais das OSS (Organizações Sociais de Saúde).

Também é destaque o fato de que itens relativos à defesa de direitos passaram a compor grande parte da pauta reivindicatória dos trabalhadores.

Confira aqui o levantamento completo.

Dados sobre as greves

Os trabalhadores da esfera pública promoveram maior número de paralisações (814 registros) que os trabalhadores da esfera privada (746 registros). Segundo o estudo, predominaram as greves por empresa ou unidade: 59% do total. E 41% abrangeram toda a categoria profissional.

Em 2017, 81% das greves incluíam itens de caráter defensivo na pauta de reivindicações; sendo que mais da metade (56%) referia-se a descumprimento de direitos. A exigência de regularização de vencimentos em atraso (salários, férias, 13º ou vale salarial) esteve presente na pauta de 44% das greves. A reivindicação por reajuste de salários e pisos vem a seguir, presente em 32% das paralisações.

Mais da metade (54%) das greves terminaram no mesmo dia, enquanto 16% duraram mais de 10 dias. Foram 544 (35%) com caráter de advertência e 949 (61%) por tempo indeterminado.

Outro elemento verificado no estudo é que das 570 greves (36% do total anual) sobre as quais foi possível obter informações sobre o desfecho, 78% lograram algum êxito no atendimento às suas reivindicações.

Cenário de lutas

A integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Renata França, destaca que o levantamento do Dieese confirma que a classe trabalhadora segue firme resistindo e lutando muito contra os ataques de governos e patrões.

“Como é prática do capitalismo, governos e patrões têm feito de tudo para jogar nas costas da classe trabalhadora os custos da crise iniciada em 2008. Mas, se a gravidade dos ataques às condições de trabalho e de vida dos trabalhadores é muito grande, isso não está ficando sem resposta. A reação dos trabalhadores também tem sido forte”, afirma a dirigente.

“No ano passado, assistimos a maior Greve Geral da história do país, importantes mobilizações nacionais, inúmeras greves e mobilizações específicas e por categorias. Essa forte mobilização conseguiu, por exemplo, barrar temporariamente a reforma da Previdência. Agora, passadas as eleições, eles virão novamente com mais ataques. Portanto, segue mais do que necessário, intensificarmos e unificarmos cada vez mais esse processo de lutas, pois somente a mobilização dos trabalhadores e do povo pobre vai garantir a defesa dos direitos, empregos, saúde, moradia, enfim, impedir que eles joguem a crise sobre nossa classe”, afirmou Renata.

Fonte: CSP-Conlutas.

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